Perua mais rápida do mundo vai aos 100 km/h em 3,9 segundos.
Por R$ 556 mil, esportivo entrega desempenho e conforto em altas doses.

Saber que Rubens Barrichello (19 anos de Fórmula 1 e no segundo da
Stock Car) e Leonardo Senna têm em suas garagens (entre outros carrões,
supõe-se) um RS 6 da antiga geração ajuda a compreender os poderes da
perua, que leva às máximas consequências a ideia de aliar desempenho de
superesportivo à versatilidade e praticidade de um carro familiar.
Ocorre que a atual geração ficou melhor, o que explica a ida (de
helicóptero) do irmão de Ayrton Senna à apresentação para imprensa do
novo RS 6, que chega em novembro ao mercado brasileiro por R$ 556 mil,
preço anunciado nesta segunda-feira (25), pela fabricante. Daqui até o
final de 2014, a Audi pretende vender entre 30 e 40 unidades do modelo.
A perua que Leonardo Senna usa quando abre mão do helicóptero – e que
agora pretende trocar pela nova – foi apresentada durante o Salão de
Frankfurt de 2007, desembarcando no mercado europeu no abril seguinte e
somente em janeiro de 2010 no Brasil. Os números de desempenho já eram
impactantes à época: 4,6 segundos da imobilidade aos 100 km/h e
velocidade máxima de 250 km/h, alcançados graças a um bloco 5.0 V10
biturbo, de 580 cavalos e 65 kgfm de torque.
Para o novo RS6, a Audi deu um motor menor: 4.0 V8, igualmente
biturbinado e com 20 cv a menos. Só que o torque saltou para equinos
71,4 kgfm, enquanto a transmissão automática tem oito, e não mais seis
marchas. Resultado: 0 a 100 km/h em 3,9 segundos e velocidade máxima de
até 305 km/h, caso o proprietário opte pelo pacote Dynamic.
A lista de equipamentos não é menos surpreendente: ar-condicionado de
quatro zonas de resfriamento, bancos em couro Alcântara, bancos
dianteiros com aquecimento (sendo os do motorista com memória de
posições), sistema de iluminação ambiente, teto solar panorâmico, vidros
laterais e traseiro com isolamento térmico, volante com ajuste elétrico
de altura e profundidade, sistema de som premium da Bang & Olufsen,
DVD Changer, head-up display, entre outras comodidades, como Audi
Dynamic Drive Control, que permite selecionar o modo de condução entre o
mais confortável e o mais esportivo.

Primeiras impressões
O RS6 Avant, definitivamente, não é carro para iniciantes. As
arrancadas de primeira e segunda marchas são, sem exagero, de embrulhar o
estômago. No modo manual, o motorista precisa ficar atento às trocas de
marcha: o giro do motor sobe tão rápido que antes que o condutor se dê
conta o sistema já fez a troca automaticamente, à medida que a agulha do
conta-giros invade a faixa vermelha. O câmbio automático (da alemã ZF)
não é tão rápido quanto um automatizado de dupla embreagem, mas realiza
seu trabalho a contento.
Não é fácil segurar as mais de duas toneladas do RS6 nas curvas, e a
tração integral faz isso de maneira irretocável. Nas saídas de curvas
mais impetuosas, só um leve contra-esterço é preciso para pôr a traseira
da perua no seu devido lugar, depois de uma leve escapada que o
motorista consegue sentir com certa antecedência. Para resumir o quanto
anda o RS6 Avant, é preciso apenas dizer que num trecho curto, nas
cercanias de um campo de golfe, a perua beliscou os 220 km/h em questão
de segundos. A única ressalva vai para a direção, que poderia ser ainda
mais afiada e direta.

Andando devagar, o motorista descobre as benesses de uma suspensão
adaptativa a ar, que permite um carro tão baixo ser tão macio. O
conforto se completa com a respeitável fartura de espaço, o acabamento
impecável e bancos dianteiros que, apesar de esportivos, são
extremamente aconchegantes – na maior parte dos bancos de
superesportivos, conforto e esportividade são características
excludentes.
A única decepção é o volante, que não acompanha o nível de radicalidade
da perua. Ao invés de ser o mesmo encontrado no A1, deveria ter, por
exemplo, desenho distinto, forração de camurça e paddle-shifts tamanho
GG, e não P.
E a próxima?
Há um grande risco subentendido no lançamento da nova geração do RS6
Avant. Ao romper a barreira dos 100 km/h em 3,9 segundos e chegar aos
305 km/h de velocidade máxima (dados oficiais), a nova “superperua”
deixa pouquíssima margem para evoluções dinâmicas na próxima encarnação –
que levando em conta o ritmo frenético e a sede insaciável da indústria
atualmente, já deve estar em desenvolvimento.
É como se a Audi tivesse chegado ao ápice da sua carreira de fabricante
de peruas superesportivas. Afora a ostentação do título de mais veloz
do mundo, não há razões para baixar o tempo de aceleração ou estender a
velocidade máxima do RS6 Avant, que já entrega números assustadores para
um carro familiar. Para qualquer carro, na verdade.
E aí, sem ter mais o que fazer no quesito desempenho, resta-lhe
debruçar sobre questões mais ligadas ao lado familiar do carro, como
aumentar a resistência do Isofix, ampliar o tamanho do porta-malas,
criar um nicho específico para guardar o carrinho de bebê, ajustar
melhor o áudio para DVDs infantis ou, por exemplo, instalar uma mesa
para os piqueniques de finais de semana.

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Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/
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